História das Freguesias

Resumo Histórico

“Caldas de Vizela” é um topónimo composto que deriva no seu primeiro elemento, do latim vulgar “aquas cálidas”, ou seja, águas quentes, no sentido de nascentes termais; o segundo elemento toponímico é derivado do latim vulgar “avicella”, de “avezinha”.

O povoamento da freguesia de Caldas de Vizela é, conforme se deduz pela sua toponímia, muito remoto; não só é anterior às primeiras informações documentadas, dos séculos XI e XII, como recua a épocas pré-romanas, visto que nas imediações das várias povoações da freguesia, foram encontrados vestígios evidentes de fortificados castrejos. Também por aqui passaram os romanos, como o atesta a ponte, sem dúvida relacionada com as termas, e os vestígios de uma via romana que ligava Braga a Amarante, passando por Guimarães. A ponte, classificada como Monumento Nacional, é conhecida como “Ponte Romana” ou “Ponte Velha”, continuando aberta ao trânsito de veículos ligeiros, atestando a durabilidade da engenharia romana.

As águas termais de Caldas de Vizela, segundo o Abade de Miragaia, já eram conhecidas antes do domínio romano, tendo até adquirido fama de miraculosas; afirmação que é comprovada pelas duas inscrições encontradas nos arredores da freguesia, dedicadas a Bormânico, Deus pagão e ao que parece personificação das próprias águas. Também se baseando nas referidas inscrições, Mascarenhas Neto, defende que as termas datam do tempo de Tito Flávio Domiciano, Imperador Romano que reinou entre 81 a 96 d.C..

Em 1188, D. Sancho I, por carta, doa a um João de Caldas e a sua mulher Maria Peres, um reguengo que ficava abaixo da igreja de S. Miguel. Naturalmente, João de Caldas foi um fidalgo, pois a fidalguia abundava em Riba de Vizela, ainda mais porque as Inquirições de 1220,referem-se a S. João como a “parrochia Sancti Johannis de Caldis”, por deposição do próprio abade dela, o padre João Peres, mostrando João das Caldas no estado de privilégio ou honra, com as declarações de não existir na freguesia qualquer prédio reguengo e de a povoação não auferir de foro algum, do rei ser o padroeiro da igreja. As mesmas Inquirições declaram que em S. Miguel havia um casal do Mosteiro de Pombeiro e outro da Ordem do Hospital. Posteriormente, em 1290, D. Dinis sentenciou a devassa do lugar de Lagoas, na freguesia, no qual se encontravam os casais do mosteiro citado nas Inquirições de 1220, para depois nas Inquirições de 1301, devolver o lugar à situação anterior. Eclesiasticamente, Caldas de Vizela (S. Miguel) é pela primeira vez referenciada na passagem do século X para o seguinte.Embora se compreenda que a actual igreja já nada revele da sua arquitectura de origem, a sua fundação ascende pelo menos ao século VI, tendo sido talvez, a sua fundação, promovida por S. Martinho de Dume. A igreja foi também abadia, cuja apresentação, posterior à Idade Média, não é concordante com o padroado apresentado nas Inquirições do século XIII. A tradição cita a existência de uma antiga igreja, num lugar mais elevado do que o actual, o que é muito aceitável, não só pela alta antiguidade do culto a S. Miguel, mas porque o culto ao arcanjo era exercido preferivelmente em locais elevados, em outeiros oumontes. Actualmente, os elementos do seu património cultural e edificado de maior destaque, são a igreja romântica e a ponte romana.

Os habitantes da união das freguesias de Caldas de Vizela (S. Miguel e S. João) dedicam-se essencialmente às actividades do sector secundário e terciário. Apesar da actividade do termalismo ter estado parada durante algum tempo à cerca de um ano atrás voltou em força. A Companhia de Banhos de Vizela foi criada em meados de século XIX, e a partir de 1923, a estância termal atingiu um surto de progresso, actualmente em renovação. As águas, das cerca de cinquenta nascentes estão indicadas para os tratamentos de reumatismo crónico, afecções neurológicas e traumáticas, doenças crónicas das vias respiratórias e dermatose, no entanto a renovação que está a ser levada a cabo actualmente está a preparar as termas quer para o tratamento de doenças quer para o bem-estar geral dos seus possíveis utentes.

Fotografias: Cortesia dos Fotógrafos Américo Rui Pacheco e José António Guimarães